segunda-feira, 4 de agosto de 2014

{CRÍTICA} Planeta dos Macacos – O Confronto
Unknownsegunda-feira, 4 de agosto de 2014 0 comentários

The Macaco of Us


Dawn of The Planet of the Apes 
EUA , 2014 - 130min
Ação 
Direção: Matt Reeves 
Roteiro: Rick Jaffa, Amanda Silver e Mark Bomback
Elenco: Andy Serkis, Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russell, Toby Kebbell, Kodi Smit-McPhee, Judy Greer. 
Sinopse: Dez anos após os eventos do filme anterior, César (Andy Serkis) e os demais macacos vivem em paz na floresta próxima a São Francisco. Lá eles desenvolveram uma comunidade própria, baseada no apoio mútuo, para que possam se manter. Enquanto isso, os humanos enfrentam uma das maiores epidemias de todos os tempos, causada por um vírus criado em laboratório, chamado vírus símio. Diante disto, um grupo de sobreviventes liderado por Dreyfus (Gary Oldman) deseja utilizar a usina hidrelétrica, mantida pelos símios, para restabelecer a energia elétrica, estando disposto a entrar em combate por ela, se for preciso. Só que Malcolm (Jason Clarke), que conhece bem como os macacos vivem por ter conquistado a confiança de César, deseja impedir que o confronto aconteça.

Eu sou um GRANDE fã de X-Men (Renato, você acabou de errar o filme). Bem, na verdade não errei não e esse introito é importante para conceituá-los. Por influência de um primo mais velho, eu cresci sob a influência dos X-Men, debaixo da sombra dos “Mutantes com poderes extraordinários que treinam todos os dias para proteger uma sociedade que os teme e odeia.”. Com isso, toda essa dinâmica do opressor/oprimido foi muito importante para a formação do meu caráter e a minha pessoa. Por coincidência (ou não) esse mesmo primo me mostrou a “música punk” e me fez descobrir toda uma realidade. Por anos eu fui um acompanhante do cenário punk paulistano e, de novo, a defesa dos oprimidos entrou em cena como ponto alto tratado dentro deste cenário. Isso me influenciou politicamente e hoje minhas convicções políticas e todos as coisas que eu rejeito e não apoio vieram do desenvolvimento deste ponto. Sou vegetariano há 08 anos, fui vegan por 04 anos e tenho em ponto cativo as questões inerentes à libertação animal. E, de novo, tudo isso começou com X-Men.

Então, considerando esse cenário, já dá para imaginar a minha empolgação inicial com o filme anterior da franquia, Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes, de 2011). O filme se calca na relação opressor/oprimido, explorando toda essa questão da cobiça humana, sua exploração dos seres vivos e sua completa falta de empatia e solidariedade para com outros seres vivos que ocupam o nosso planeta. O longa de 2011 tem como ponto alto a virada, a revolução dos símios e sua capacidade de sobrepujar seus opressores, mesmo em um cenário de desvantagem. Sutilmente, sem muito alarde, o vírus símio, uma arma química fabricada em laboratório, começa a atingir suas primeiras vítimas.

Dez anos depois, os efeitos da epidemia foram devastadores, em nível global. A humanidade, praticamente sobrepujada, enfrenta momentos de penúria em poucos centros de sobrevivência, em uma realidade extremamente paralela ao BLOCKBUSTER AAA+ da geração passada de videogames, o inigualável THE LAST OF US.


Os efeitos do primeiro longa se enraizaram neste mundo e, agora, deixamos o cenário opressor/oprimido para trás (no mundo atual, tudo isso já foi superado) e somos apresentados à um conflito de desconhecidos, do preconceito. Os traumas humanos são lendas contados pelos mais velhos e apenas um “bicho papão” para os mais novos. Do lado dos humanos, há um medo dessa evolução dos símios e uma culpabilização pela epidemia (muitos refutam em aceitar a realidade de que os humanos causaram sua própria queda).

Portanto, ainda que se afaste daquele tom do longa anterior (o que foi motivo de reclamação por alguns), este Planeta dos Macacos é um filme TENSÍSSIMO, ainda mais que o anterior. E um paralelo com X-Men ainda pode ser adotado: Caesar atua MAIS OU MENOS como um Professor X, buscando a coexistência pacífica interespécies, e Koba, vítima da fúria e da bestialidade humana (pois carrega as cicatrizes da ciência humana em sua pele) faz as vezes de um Magneto, compreendendo que não há saída para este mundo que não seja o ataque prévio dos símios, antes que os humanos tomem a dianteira.

Andy Serkis, novamente no papel de Caesar, demonstra porque é um astro de Hollywood sem nunca ter seu rosto presente nos filmes. Caesar é um dos personagens mais fortes e carismáticos do cinema Blockbuster deste século. Ele é um líder destemido que seguiríamos até o fim. Forte, imponente, paciente, sábio... Caesar carrega as qualidades que pra sempre serão lembradas como o líder definitivo. Koba, por sua vez, carrega na pele as cicatrizes do rancor. Está marcado neste símio a completa incapacidade de perdoar e deixar passar a dor que lhe foi causada. E mais, ele SABE o que será feito caso permita que os humanos se aproximem, então não mede esforços para realizar o que precisa ser feito.

Entre este ponto, temos Gary Oldman, muito bom, mas não perfeito (o que já é ótimo, pois este é provavelmente o melhor ator do cinema mainstream em atividade). Com a personalidade mais combativa, os trailers enganam, E MUITO, quanto ao que esperar de seu personagem. Já o Malcolm (personagem de Jason Clarke) é o pacifista do lado dos humanos e busca solucionar as questões por meio da compreensão e da razão.

Planeta dos Macacos: O Confronto não deixa de ser um Blockbuster, claro. Ele trata as questões grandiosas que nos são mostradas, de maneira digerível para o grande público. Isso não significa, nem um pouco, que o filme não seja ÓTIMO, mas só não quero enganá-los com o que disse até aqui. Este não é um filme de Lars Von Trier e as soluções são muito visuais e os diálogos, embora afiados, não necessitam de um Doutorado para sua digestão. Temos em mão o grande Blockbuster de verão americano.


Os conflitos advindos das ações símias e humanas são empolgantes e não deixarão você piscar, nem por um minuto. Temos o filme com maior atuação de atores por “MoCap” e praticamente não há como diferenciar os símios do que há de físico naquele cenário. É realmente um trabalho sublime o que fora realizado. A força do olhar de Caesar traz confiabilidade: ele é REAL e te amedronta. Você não poderia encará-lo, nem se quisesse.

Ainda que eu entenda que alguns pontos poderiam ter sido melhor explorados (e trariam um fôlego novo à franquia), não vou comentar aqui para não estragar a experiência de nenhum de vocês. O filme entrega tudo o que promete há uma gigante chance de termos uma terceira parte realmente épica. Começam as especulações: poderia essa franquia terminar, mais ou menos, onde começou a cinessérie anterior (com aquele remake de 2001)?

Com as diferenças de lado e compreensões novas, Caesar consegue ver, com clareza, porque a coexistência poderá/poderia ser pacífica. Lutamos tanto para nos ver como seres únicos e superiores, mas, quando paramos pra pensar, sangramos, sofremos e sentimos dor, como a maioria dos animais. Só isso já é o suficiente para procurarmos mais pontos em comum e estender o respeito. Caesar bate uma estaca neste ponto e prova porque merece a sua confiança, mesmo que ele o leve até o inferno.
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