Santa Tartaruga! - A Trilogia que vale!
Conforme o especial das Tartarugas Mutantes Ninja Adolescentes, ou apenas Tartarugas Ninja em Terra Brazilis, hoje vamos falar dos filmes das tartarugas que valem, ou seja, a trilogia dos anos 90 SEM Michael Bay. Os três filmes foram lançados respectivamente em 1990, 1991 e 1993 e aproveitaram bem o hype de super-heróis “dark” oitentista, e, mesmo que os filmes tenham doses cavalares do humor pastelão da época, a ambientação ainda é bem escura e característica da época, vamos dar uma olhada com mais detalhes neles:
Tartarugas Ninja 1 (1990)
O primeiro filme das “tartaratugas” tem o roteiro livremente baseado na HQ de Kevin Eastman e Peter Laird, contando a história de origem dos “Quelonios ninja” e do Rato de Porão mais famoso do mundo, o Mestre Splinter, que tanto no filme quanto na HQ aprendeu a porrar como um ninja observando seu dono e mestre Yoshi, que era rival do malégno Shredder (é o Destruidor no desenho animado e Retalhador na HQ mas sei lá porque diabos ele continuou como Shredder na versão dublada).
(Mestre Yoshi)
Quando Shredder mata o mestre Yoshi acaba quebrando a gaiola do Splinter que foge para os esgotos onde encontra quatro tartaruguinhas andando sobre um material radioativo, resolve pegar as bonitezas pra criar e aí sacumé, os bichos começaram a crescer e o resto todo mundo já sabe.
Além do roteiro, o primeiro filme também compartilha um pouco do clima mais denso e sombrio com a HQ, mas de longe bem mais leve e família. Temos lá os mesmos personagens, o mesmo Clã do Pé(UAHUEAHUEHAUHEa que tradução maravilhosa pra Foot Clan) e as mesmas tartarugas, só que dessa vez com mais personalidades próprias que diferenciam umas das outras, o que acabava servindo para atrair mais público e tornar as relações entre os personagens mais interessantes e abre uma gama de conflitos possíveis entre eles.
Uma coisa também interessante nesse filme é o enfoque dado ao Clã do Pé, que aqui é composto não por ninjas orientais, mas por uma molecada esperta que forma uma rede de trombadinhas na cidade e vai para uma espécie de Universidade de Capangas, onde aprender a roubar, dar muita porrada e respeitar os mais velhos orientais.
Eu pessoalmente curto demais esse primeiro filme pelo clima de gangues dos anos 80 que também dá pra ver em outros filmes da época, como Robocop, Double Dragon e mais uma cacetada, onde a molecada fica o dia todo fumando e bebendo nos fliperamas com aquele visual moicano verde e camiseta do Iron Maiden, além de achar o Shredder(aliás, é engraçado como na dublagem brasileira toda hora que alguém fala Shredder para sua tia tentando falar Shrek, sai uma coisa como SHERÉDEIR) muito bom nesse filme, ele aparece pouco mas dá aquele ar de “a casa caiu” na cena quando ele aparece, o que hoje em dia não acontece com tanta frequencia mais.
No quesito dublagem, temos um time maravilhoso em especial o grande Wendel Bezerra (oi, eu sou o Goku) fazendo o Rafael e, junto com a equipe que adaptou os diálogos para o português conseguiu um resultado genial nas expressões em todos os três filmes.
Tartarugas Ninja 2 – O segredo de Ooze (1991)
Nesse segundo filme vemos algumas mudanças, em primeiro lugar as roupas de tartarugas com as caras menos redondas e mais tartarugáveis, depois vemos que apesar o Destruidor(nesse é Destruidor mesmo) ter supostamente batido as botas no filme anterior, o Clã do Pé (Frio) continua na ativa sob a liderança do antigo professor da Universidade de Capangas Tetsuo, que agora contrata qualquer fedelho que saiba porrar para ser um membro do clã.
O roteiro do filme gira em torno do ooze, substância radiotiva que fez as tartarugas e o Mestre Splinter ficarem grandes e espertos, que foi despejado acidentalmente nos esgotos pela empresa Tecno Global.
(Inventor do Ooze, não... péra)
Magicamente o Destruidor escapa da morte (???) e acaba se reunindo com o Clã do Pé. Dessa vez ele sabe que não é páreo para as tartarugas e resolve usar o ooze para “criar” seus próprios monstros, uma espécie de preview de Pokémon. É aí então que ele cria Tokka e Rahzar, mutações de um jabuti e um cachorro, que são burros como portas mas fortes como portões (tá, não teve graça).
Hoje mesmo eu estava pensando que esse e o primeiro filme na verdade poderiam ser um filme só de três horas, afinal, quem se cansa dessas tartarugas lindas? Por que eu pensei isso? Porque ambos possuem o mesmo vilão e plots bastante parecidos com ênfase na origem das tartarugas, são dois filmes de “origem”, a única diferença é que Casey Jones, o par romântico de April O'neil, mocinha dos três filmes, não aparece nesse filme e sequer é mencionado sabe-se lá porque.
A dublagem dele também é diferente, dá para perceber claramente que o segundo filme tem viés muito mais voltado para a comédia e as vozes acompanham isso, ficando mais caricaturescas, Wendel Bezerra infelizmente não participa desse filme mas a voz de Rafael fica a encargo do não menos competente Marco Ribeiro, dublador de ninguém menos que Yusuke Urameshi, na melhor dublagem brasileira na humilde opinião deste que vos escreve. Uma das coisas interessantes desse trabalho é que, nas palavras do próprio Marco, os artistas tinham liberdade para utilizar gírias e dublar adaptando para a cultura brasileira, o que, apesar de fazer muita gente torcer o nariz, faz guardar aquelas lembranças boas.
Tartarugas Ninja 3 – Turtles in Time (Tortas em Time, 1993)
Bem, esse filme já chega chutando o pau da barraca de tudo e já deixa claro que a zoeira não vai ter limites mesmo e que se dane qualquer que seja a seriedade, encarnando bem o espírito dos anos 90. No roteiro as tortuguitas viajam no tempo para o Japão feudal para resgatar a April que viajou no tempo antes usando um cetro mágicoencontrado numa loja de antiguidades (ahh o começo dos anos 90 e sua tara por artefatos mágicos em lojas de antiguidades...). No fim das contas saiu um filme com uma estética diferente do que estávamos acostumados mas mesmo assim a essência das tartarugas ainda estavam ali, mesmo com momentos bizarros até para o padrão tartarugas, como a parte em que o Donatello resolve e consegue fazer um cetro de viagem no tempo novo do nada, ou o Michelangelo apaixonado pela “mocinha” do filme se recusando a voltar pra casa, ou ainda o Casey Jones cuidando dos japoneses que vieram do passado.
No fim das contas a trilogia continua mantendo uma sequencia “lógica” e seguindo sempre na mesma linha, obóviamente que o terceiro filme deu uma viajada adicional mas na humilde opinião deste que vos escreve não dá nada não, já que elas são TARTARUGAS MUTANTES ADOLESCENTES NINJAS, acho que tá tranquilo proseguir na travessia pela maionese sem estresse nenhum. Além disso eu não sei vocês mas eu me divertia horrores esses filmes e pra mim podia virar um seriado tranquilamente (me contratem Netflix), imagina que bacanudo ver essas tartarugas todo dia na tevelisão eu acho que o formato ia caber muito, já que elas até participaram de Power Rangers:
Minha nota pra essas tartaruguitas: Quatro estrelitas
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