Gênero: Ficção, Humor, Super Heróis
Editora: Sampa
Páginas: 118
Nº Total de Edições: Edição Única
Periodicidade: -
Formato: (21 x 27,5 cm)
Ano da Publicação: 1990
Neste
post estaremos estreando o novo tópico “Passou por Aqui”, onde pretendemos
tratar um pouco sobre HQs que foram publicadas tempos atrás no Brasil, mas que
são pouco conhecidas pelo público em geral.
Aproveitando
a comoção gerada pela estreia do novo filme dos “Quelônios Mutantes
Adolescentes Ninjas” nos cinemas, analisaremos a primeira HQ das personagens em
terras tupiniquins.
24
anos atrás a editora Sampa publicou um álbum que continha as três primeiras
histórias das Tartarugas Ninjas, além de mais duas histórias curtas, isoladas
da trama principal. Nele é possível ver a origem de diversos elementos que até
hoje fazem parte do universo das personagens.
No
arco formado pelas três primeiras histórias do álbum são apresentadas as
origens das Tartarugas, do Mestre Splinter, do vilão Destruidor (Shredder no original, que neste
volume teve seu nome traduzido literalmente como “Retalhador”) e do Clã do Pé (chamado de
“Tetráculo” no álbum). Também são introduzidas neste arco as personagens April
O'Neil, o vilão Baxter Stockman e seu exercito de robôs “Caça-Ratos”.
Verifica-se
nesta obra que os criadores do grupo (o roteirista Kevin Eastman e o desenhista
Peter Laird), fãs declarados de Frank Miller, beberam da mesma fonte que o
criador de Sin City. Miller nos anos 80 foi responsável pela reformulação do herói
Demolidor da Marvel Comics, e introduziu nas histórias do personagem temas
associados à cultura oriental e uma atmosfera mais sombria e violenta. Tais
elementos estão também presentes nas histórias que integram o álbum da editora
Sampa.
Além
disso, é possível afirmar que a própria origem das Tartarugas Ninjas é uma
nítida homenagem ao personagem Demolidor e possivelmente a Frank Miller. Na HQ de
Eastman e Laird as quatro tartarugas sofrem uma mutação provocada por um
acidente envolvendo um velho cego e um caminhão carregando material radioativo.
Em um acidente semelhante o jovem Matt Murdock (alter-ego do Demolidor) ficou
cego e adquirira sentidos super desenvolvidos.
Tendo
em vista que a grande maioria dos brasileiros teve seu primeiro contato com o
quarteto de tartarugas através do desenho animado de 1987 (veiculado aqui pela
Rede Globo) e a série de quatro filmes lançados no cinema, é inevitável que
façamos comparações entre eles e as histórias do álbum da editora Sampa.
Ao
passo que o desenho animado e os demais filmes focavam no humor e eram
direcionados a um público mais jovem, a HQ possui um clima muito mais sério.
Não que o humor não esteja presente nos quadrinhos, mas alguns detalhes como a
presença de personagens feridos e sangrando, além de uma trama mais violenta
chega a causar certo estranhamento para pessoas acostumadas com o ritmo dos
desenhos animados.
Apenas
citando um exemplo da mencionada violência presente apenas nos quadrinhos, em um
dado momento da primeira história do álbum, o Mestre Splinter convoca seus
pupilos para MATAR o vilão Retalhador (o Destruidor dos desenhos animados) para
vingar a morte de seu mestre Hamato Yoshi. Após derrotarem o vilão em combate
as Tartarugas o obrigam a COMETER SUICÍDIO (ritual do Seppuku). Por razões
obvias tal fato jamais aconteceu nos desenhos animados.
Além
do clima e da trama são percebidas também diferenças nas origens e características
de alguns personagens. A começar pelo quarteto de Tartarugas, diferentemente do
que ocorre nos desenhos animados, nos quadrinhos todas elas usam faixas em seus
olhos com a mesma coloração (todas vermelhas, tal qual a imagem da capa no
começo do post). Este fato é notado com mais facilidade no álbum da Editora
Sampa uma vez que nele todas as histórias são coloridas, em contraste com as
primeiras edições americanas que eram reproduzidas em preto e branco.
Existe
também diferenças na origem do Mestre Splinter (sensei e pai adotivo das
Tartarugas). Na HQ Splinter era o rato de estimação de Hamato Yoshi, com quem
aprendera a arte do ninjitsu. Após a morte de Yoshi, Splinter se muda para os
esgotos de Nova Iorque onde vêm a sofrer uma mutação no mesmo acidente que dera
origem as Tartarugas. Por sua vez, no desenho animado, Splinter é o próprio
Hamato Yoshi mutado em um rato humanoide.
April
O'Neil, que nos desenhos animados era uma repórter de TV do Canal 6, na HQ é
uma programadora, assistente do Dr. Baxter Stockman, o inventor dos robôs
“Caça-Ratos”. Stockman enlouquece e passa a utilizar seus robôs para roubar
bancos, e os programa para matar sua assiste por medo dela avisar a polícia
sobre seus roubos.
Curioso perceber que este vilão possui diferenças tanto de aparência quanto de personalidade nos dois formatos. Enquanto no desenho ele é um cientista branco e paspalhão que trabalha sobre ordens do vilão Destruidor, na HQ ele é negro e supostamente não possui qualquer relação com o Destruidor, além de ser megalomaníaco e violento.
Fazendo
uma análise geral do álbum da Editora Sampa é possível afirmar que o roteiro de
Kevin Eastman não possui muita profundidade, sendo mais focado na ação das
personagens (tal qual a maioria das obras de Frank Miler), ao passo que o traço
de Pater Laird seja bastante simples e a certo ponto cartunesco. Contudo, estes
pontos pouco prejudicam o conjunto da obra, pois Tartarugas Ninja é um álbum
muito divertido e original. Ler tais histórias nos trazem a mesma sensação de
assistir a um bom filme de Quentin Tarantino, sem compromisso com a realidade e
sim com a diversão.
Embora
este álbum tenha sido lançado há muito tempo atrás, não é muito difícil de ser
encontrado em sebos especializados. Além disso, a Editora Devir publicou em
2007 parte das histórias do álbum da Editora Sampa, todas em preto e branco, e
tal volume pode ser ainda encontrado em algumas livrarias e comic shops.
Leitura recomendada tanto para fãs das personagens como para adoradores da nona arte.
Leitura recomendada tanto para fãs das personagens como para adoradores da nona arte.
Minha Nota: ★★★★☆
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